247 – No último sábado, o cientista político
André Singer, professor da Universidade de São Paulo, publicou uma crítica
moderada ao prefeito João Doria, em sua coluna na Folha de S. Paulo. Um dia
depois, Doria enviou uma carta à Folha, em que tentava desqualificar Singer
pelo simples fato dele ter sido porta-voz do ex-presidente Lula. Sem
argumentos, Doria terminou sua carta com um "vai para Curitiba", como
quem diz "vai pra Auschwitz".
No domingo, o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) fez uma
palestra na Hebraica, no Rio de Janeiro, onde disse que filhos de quilombolas
não servem nem para procriar, revoltando a comunidade judaica (leia aqui). Um dia depois, o vereador Fernando Holiday, do DEM,
invadiu salas de aula de São Paulo e intimidou professores, acusando-os de
fazer doutrinação ideológica – o que constrangeu até a prefeitura de João Doria
(leia aqui).
Num texto publicado nesta manhã em seu Facebook, o cientista político Luis Felipe Miguel, professor da
Universidade de Brasília, reuniu esses três fatos aparentemente isolados, mas
que refletem o espírito dos dias atuais. "São todas demonstrações da forma
de agir que a direita brasileira escolheu e cujas características são a
violência verbal (que sempre insinua que está a ponto de se transformar em
violência física) e a tentativa de intimidação", escreveu.
O fato é que o ambiente de ódio instalado no País nos
últimos anos fez germinar as sementes do fascismo. E a direita tradicional
acabou sendo substituída pelo que o colunista Reinaldo Azevedo, um dos
precursores desse discurso de ódio, passou a chamar de direita xucra.
Com sua vulgaridade recente, Doria demonstra que decidiu
correr na mesma raia de Bolsonaro. Como Aécio Neves, José Serra e Geraldo
Alckmin estão implicados na Lava Jato, ele tentará se viabilizar como o
candidato presidencial do PSDB tomando votos do ídolo da extrema direita
brasileira.
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